1 – O que é incontinência urinária?
A incontinência urinária é a perda involuntária de urina pela uretra, sendo uma doença muito comum e que irá afetar até 10% do total de mulheres durante sua vida.
Perder urina nunca pode ser considerada normal e existem muitos tratamentos para a o problema. Se você possui perda de urina, urgência demasiada para ir ao banheiro ou sintomas associados, deve buscar um especialista na área e iniciar a investigação.
2 – Fatores de risco
A incontinência urinária afeta ambos os sexos, porém é a mulher a principal acometida. Outros dois fatores de risco importantes são a idade avançada e a obesidade.
Além desses fatores de risco, temos: ter tido muitos filhos, histerectomia, tabagismo, gravidez e história familiar.
3 – Diagnóstico
O diagnóstico da incontinência urinária é dado pela avaliação clínica do médico, que pode ser complementada pelo exame físico quando o médico solicita a paciente que realize esforços e manobras.
Além disso, ainda contamos com o exame da urodinâmica, onde é avaliado todo o funcionamento da micção e vários dados importantes na caracterização da perda urinária são aferidos.
É imprescindível antes desse exame termos um exame de urina e uma urinocultura prévios, devido a manipulação da via urinária que acontece durante o procedimento. Devemos ter certeza que a paciente não possui bactérias que podem ascender e gerar infecções devido a manipulação durante o exame.
4 – Incontinência Urinária de Esforço
A incontinência urinária de esforço é aquela que ocorre na paciente quando faz atividades que aumentam a pressão abdominal. O aumento da pressão abdominal é capaz de vencer a capacidade de continência da uretra o que culmina na perda urinária. É a incontinência urinária mais comum, correspondendo a 50% do total de incontinências urinárias.
Essa perda pode se dar aos grandes esforços, como por exemplo durante atividades físicas com carga ou extenuantes. Ou pode acontecer com movimentos mínimos como pegar uma sacola ou agachar, levando a um grande impacto na qualidade de vida.
5 – Síndrome da Bexiga Hiperativa
A síndrome da bexiga hiperativa se caracteriza pela urgência urinária, na presença ou não de perda de incontinência. A urgência urinária é caracterizada pelo aumento da frequência urinária com vontade súbita de ir ao banheiro.
Além disso é muito comum a noctúria, quando a paciente vai diversas vezes ao banheiro durante a noite, ocorrendo uma importante perda de qualidade de vida. Não necessariamente a síndrome da bexiga hiperativa vai cursar com perda de urina associada.
5 – Incontinência Urinária de Urgência
A incontinência urinária de urgência é a perda de urina associada a síndrome da bexiga hiperativa. Nesse caso a paciente possui os sinais e sintomas de aumento da frequencia e urgência urinária que culminam com a paciente não sendo capaz de ser continente e perdas urinárias associadas ao quadro.
6 – Incontinência Urinária Mista
A incontinência urinária mista acontece quando a paciente possui uma incontinência que une os sintomas da incontinência urinária de esforço e de urgência, representando um total de 10% dos casos. O tratamento aqui deve ser mais amplo e cobrir ambos problemas.
7 – Tratamento Clínico
O tratamento comportamental diz respeito a mudança de hábitos e treinamento que visam melhorar a sintomatologia da mulher. Ele visa o treinamento muscular da bexiga da mulher, controle da ingesta de água e ensinamentos sobre sua anatomia e o funcionamento da mesma. De uma maneira global a terapia comportamental traz melhores benefícios nas mulheres com bexiga hiperativa quando comparamos com aquelas com IUE.
A redução em torno de 25% na ingesta de água promove importante melhora na frequência urinária, urgência miccional e ida ao banheiro durante a noite. A ingestão excessiva de cafeína demonstrou ser um fator de risco independente para aumentar a hiperatividade do detrusor. As bebidas carbonatadas também foram associadas a aumento da frequência e urgência urinárias, portanto, a mulher deve ser orientada a diminuir o consumo de refrigerantes em especial os do tipo diet/light. Preconiza-se também a diminuição do consumo de frutas cítricas, de vinagre e de bebidas alcoólicas em excesso.
Juntamente com as medidas comportamentais, a fisioterapia pélvica é um tratamento importante para as mulheres com incontinência urinária. Especialmente as mulheres com incontinência urinária de esforço vão responder bem a essa abordagem.
Além da abordagem clássica dos exercícios perineais, ainda existem outros recursos como o biofeedback e a eletroestimulação que em conjunto com os exercícios comportamentais e mudanças de hábitos tem excelentes resultados na melhora da incontinência.
Por fim, nos casos de síndrome de bexiga hiperativa onde está associada a incontinência urinária de urgência, podemos fazer uso de medicações que agem alterando os canais de receptores nervosos e ajudam no manejo dessa síndrome em específico. O. correto tratamento da síndrome da atrofia genital com hormonioterapia local também é fundamental no controle dos sintomas da clínicos da síndrome da bexiga hiperativa e a incontinência urinária de urgência.
8 – Tratamento Cirúrgico
O tratamento é reservado para pacientes com incontinência urinária de esforço ou mista, não havendo benefício direto da cirurgia para pacientes com síndrome da bexiga hiperativa e eventual incontinência urinária de urgência.
A primeira cirurgia para a correção da incontinência foi a cirurgia de Burch, datada de 1903, onde é feita a suspensão da vagina para recondução do ângulo uretral. É uma cirurgia efetiva, porém muito invasiva e que envolve uma curva maior de aprendizado que os slings (fitas) vaginais. Permanece sendo uma boa opção nas pacientes que já irão ter a cavidade abdominal adentrada por outro motivo cirúrgico.
Uma opção mais recente e que revolucionou os procedimentos cirúrgicos na incontinência urinária foi o advento dos slings, fitas urinárias de polipropileno que visam reestabelecer o posicionamento anatômico da uretra e retornar a continência urinária perdida. Os slings são feitos por via vaginal e de maneira minimamente invasiva sendo uma cirurgia onde a paciente recebe alta cerca de 4 horas após o procedimento e tem um retorno precoce às suas atividades. Também é um procedimento associado a baixas taxas de complicação anestésica e cirúrgica.
FONTE:
1 – Incontinência Urinária – FEBRASGO – 2018, 2019 e 2022.
2 – Willians Ginecology – 4 th – 2020